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Doido por futebol



Ele era doido por futebol!
Não perdia um jogo, nem que fosse reprise do ano de mil novecentos e nada.
Seu quarto era cheio de pôsteres de craques e times e bolas e faixas pra todo lado... que não se via nem um pedacinho de parede.

Ele jogava na escola, no fim de semana, no meio da sala, e acho que até no chuveiro treinava embaixada com o sabonete.

Quando tinha jogo importante, de decisão, Marcão ligava a tevê e o rádio ao mesmo tempo pra não perder nenhum lance.
E, claro, toda vez que o seu time fazia gol, gritava até perder a voz e os vizinhos perderem a paciência.

Imagina então como ele estava neste ano de Copa do Mundo. Seu sonho era ir pra África do Sul, nem que tivesse que ir nadando.

Por isso Marcão comprou todos os chicletes, pastas de dentes, refrigerantes, salgadinhos, biscoitos, margarinas e tudo que tivesse alguma promoção para ir ver de perto a Copa.

Quando chegou uma semana antes da abertura, o coitado não tinha ganhado coisa nenhuma. Nem um mísero palito premiado de picolé! E ainda estava sem um centavo, de tanto comprar porcaria.
Mas que azar! Que bola fora!

Aí ele foi no programa do Ratão, foi na Porta da Espertância, foi no Domingão, no Sabadão e apareceu em tudo que é canal pedindo uma viagem pra Copa. Umazinha só!
Mas nada.

Faltando um dia para começar o Mundial, ele sentou na calçada com um dos seus mil pacotes de salgadinho e começou a chorar. Um homão daquele tamanho. Abriu um berreiro de dar pena. Ainda por cima ele detestava salgadinhos.
— BUÁÁÁÁ! CHUIF! BUÁÁÁ!

Então, de repente, apareceu uma espécie de anjo, um “fado-padrinho”!
— Ei, não chora! Eu vou te ajudar, rapaz! Bola pra frente!
— N-nossa! Quem é você? — Será que bebi muito refrigerante?

— Sou seu fado-padrinho, cara! E vim realizar o seu desejo!


Primeiro pegou uma folha caindo de uma árvore e a transformou numa passagem de avião para a África do Sul. Depois juntou uma porção de biscoitos, que viraram moedas de ouro para as despesas de hotéis, restaurantes e tudo mais. Os salgadinhos foram transformados em ingressos para todos os jogos. As pastas de dentes ficaram do mesmo jeito, para ele usar na viagem.

Depois olhou para o Marcão e disse:
— Epa! Peraí... você não pode ir desse jeito pra Copa! Quase ia me esquecendo!
Então, antes de sumir, jogou uma chuva prateada nele e, num passe de mágica, lá estava o Marcão prontinho para realizar o seu desejo, com uma linda roupa toda verde e amarela!

Moral da história: Estas promoções e concursos são bem difíceis da gente ganhar!

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