Lar, doce lar

A tartaruga é um bicho muito sortudo!
Já nasce com uma casa para a vida toda. E olha que ela costuma durar muito, até uns trezentos anos.
Ela não precisa pagar prestação, não precisa ir a reunião nenhuma de condomínio e nem dar satisfação para síndico.
Além disso, sua casa já vem prontinha e ela nem esquenta a cabeça com a construção.
Só tem um probleminha: não é muito fácil carregar aquele peso todo nas costas. E o carteiro nunca sabe muito bem onde entregar a correspondência, se bem que ela não vai muito longe, mesmo, com aquele passinho tão demorado.
Daí eu vejo como as coisas da natureza são bem boladas. A tartaruga é lenta demais, em compensação tem uma vida bem compridona para dar tempo de fazer tudo.
E com tanta gente sem casa para morar, é uma sorte ter o seu cantinho, ou melhor, seu redondinho.
Se fosse gente, é como se morasse num trêiler, daqueles onde se pode viajar e morar. Um carro-casa, ou casa-carro, sei lá.
Parece uma idéia bem legal, né? Morar numa casa que anda.
Mas eu gosto mesmo é de um lugar parado que a gente pode deixar, pra depois, quando está longe, ter muita saudade e não ver a hora de voltar.
É gostoso entrar em casa e dizer: Lar, doce lar!